Ambientes Computacionais para Apoio à Aprendizagem: Um Experimento com Frações

Henrique Monteiro Cristovão

Resumo


Vários softwares educativos têm disponibilizado tarefas que já são normalmente realizadas numa sala de aula, mas usam, no máximo, recursos computacionais que aumentam a motivação do aprendizado. Outros, instrucionistas, não permitem ao aluno experimentar situações e participar de maneira mais envolvente. O uso do computador na educação, entretanto, justifica-se quando se empregam softwares que permitem ao aprendiz realizar atividades difíceis de serem implementadas num ambiente sem sua presença. A importância de um levantamento dos estudos pedagógicos mais recentes sobre o assunto que será abordado pelo software é fundamental, pois as metodologias para se ensinar um conteúdo mudam com o tempo, e constantemente descobrem-se novas abordagens que facilitam o aprendizado. Neste trabalho, o estudo da pedagogia envolvida no ensino de frações, juntamente com a análise das abordagens de diversos softwares educativos, permitiram a elaboração de um protótipo: um ambiente computacional para auxiliar o aprendizado de frações. Este assunto foi escolhido porque apresenta inúmeras dificuldades no decorrer do processo ensino-aprendizagem, principalmente pela falta de recursos adequados que possibilitem ao aluno explorar com poucos limites os conceitos, princípios e relações envolvidos nas representações e operações de números fracionários. Destaca-se como resultado a importância que deve ser conferida a três estratégias de interação aluno-software, numa aproximação em relação ao paradigma construcionista: (i) Construção – permite ao aluno construir diretamente a partir de suas ações, tendo um objetivo a ser atingido. O aluno pode manipular as frações, representadas por barras, através de diversas ferramentas, como cortar pedaços, dividir uma barra, movimentar uma barra, comparar tamanhos, etc. (ii) Simulação – permite ao aluno experimentar suas hipóteses, testá-las, analisar os resultados e, através de experimentações, descobrir relações existentes entre a ação e o resultado obtido, oferecendo ainda a oportunidade de perceber e superar o erro, tendo em vista que o ambiente não se pronuncia a respeito do erro ou acerto. As frações podem ser representadas gráfica ou simbolicamente, e o ambiente faz a outra representação simulada. A solução em si não é tão importante quanto o processo para chegar até ela. (iii) Micromundo – a partir de um pequeno conjunto de primitivas, facilmente manipuláveis, o aluno constrói inúmeros domínios. Através das muitas ferramentas disponíveis no software, associadas às idéias préformadas dos objetos concretos que são fornecidos, como a “barra”, o aluno constrói o conceito de fração, bem como o entendimento de suas operações básicas (equivalência, comparação, soma, subtração, multiplicação e divisão). Por exemplo, com a ferramenta “desfaça/refaça” tentam-se outros caminhos para resolver o mesmo problema, desenvolvendo a tarefa metacognitiva e enfatizando o processo para a solução em detrimento da solução isolada. O ambiente apresentado rompe com limitações inerentes à manipulação de materiais usados normalmente no aprendizado de frações, complementando as aulas que apresentam situações difíceis de serem trabalhadas pelo professor. Oportuniza o entendimento dos conceitos mais complicados, bem como as operações multiplicativas. Permite desenvolver um trabalho em grupo com grandes benefícios, decorrentes das discussões entre alunos e professor. Este faz as complementações necessárias ao aprendizado e orienta o grupo a seguir um rumo adequado, a fim de obter uma aprendizagem mais significativa.

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DOI: https://doi.org/10.5753/rbie.1998.3.1.69-72

DOI (PDF): https://doi.org/10.5753/rbie.1998.3.1.69-72

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Revista Brasileira de Informática na Educação (RBIE) (ISSN: 1414-5685; online: 2317-6121)
Brazilian Journal of Computers in Education (RBIE) (ISSN: 1414-5685; online: 2317-6121)